Na lição deste domingo (24/02/2013) tivemos a oportunidade de
meditar sobre o fim da caminhada de um grande homem de Deus chamado Elias e ao
mesmo tempo presenciar o início de uma nova carreira na vida de Eliseu. Sim, o
homem que proibiu cair chuva, que foi alimentado por corvos e multiplicou a
comida da viúva. O homem que ressuscitava mortos, desafiava reis e fazia descer
fogo do céu chegou aos seus últimos dias. Enquanto isso Eliseu havia sido
eleito e chamado para ser o seu sucessor e, embora soubesse que seu mestre lhe seria
tirado, queria aproveitar a sua companhia o máximo possível.
O mestre testa a sua fé diversas vezes e sendo ele aprovado, recebe o direito a um pedido. “Que haja porção dobrada do teu espírito sobre mim!” Não, Eliseu não estava pedindo para ser mais poderoso que Elias em obras e maravilhas. Como diziam as leis judaicas (Dt 21.17), ao morrer, o pai deixaria uma porção dobrada dos seus bens para o filho mais velho; lhe dando portanto a honra de manter os negócios da família. Eliseu pede a Elias a honra de dar continuidade ao seu ministério profético, de se tornar o seu herdeiro. É claro que Elias não tinha o poder de conferir tal coisa, então responde: “bem, se você me vir ser levado por Deus então terá o que queres.” Em outras palavras, estava deixando a decisão nas mãos do próprio Deus. Nós já sabemos que o desejo lhe foi concedido. Eliseu ficou olhando o seu mestre subir para o céu e deixar cair tão somente uma capa. Embora soubesse que isso iria acontecer, ele não consegue evitar a demonstração de surpresa e chega a rasgar sua veste. Os demais profetas que habitavam por perto insistem numa busca pelos arredores na esperança de que tudo fosse uma brincadeira. E agora? Como será sem Elias? Onde está o mestre? A capa foi passada para Eliseu. Mas ele tem preparo suficiente? Ele está a altura do cargo? Vai conseguir ir até o final como Elias?
O mestre testa a sua fé diversas vezes e sendo ele aprovado, recebe o direito a um pedido. “Que haja porção dobrada do teu espírito sobre mim!” Não, Eliseu não estava pedindo para ser mais poderoso que Elias em obras e maravilhas. Como diziam as leis judaicas (Dt 21.17), ao morrer, o pai deixaria uma porção dobrada dos seus bens para o filho mais velho; lhe dando portanto a honra de manter os negócios da família. Eliseu pede a Elias a honra de dar continuidade ao seu ministério profético, de se tornar o seu herdeiro. É claro que Elias não tinha o poder de conferir tal coisa, então responde: “bem, se você me vir ser levado por Deus então terá o que queres.” Em outras palavras, estava deixando a decisão nas mãos do próprio Deus. Nós já sabemos que o desejo lhe foi concedido. Eliseu ficou olhando o seu mestre subir para o céu e deixar cair tão somente uma capa. Embora soubesse que isso iria acontecer, ele não consegue evitar a demonstração de surpresa e chega a rasgar sua veste. Os demais profetas que habitavam por perto insistem numa busca pelos arredores na esperança de que tudo fosse uma brincadeira. E agora? Como será sem Elias? Onde está o mestre? A capa foi passada para Eliseu. Mas ele tem preparo suficiente? Ele está a altura do cargo? Vai conseguir ir até o final como Elias?
Com certeza se você é um bom leitor da bíblia, já percebeu o quanto essa história parece um reflexo do que se passaria aproximadamente 9 séculos mais tarde com Jesus e seu discípulos. Embora todos estivessem bem avisados de que Ele partiria e retornaria ao Pai, o seu mestre parecia ter sido arrancado brutalmente. Continuaram todos espantados a olhar pra o céu azul e vazio até que um anjo os despertasse: “mas por que vocês estão fazendo isso?” Em suas cabeças a pergunta era: “e agora? Como será sem Ele?”
Sim, é inspirador ver alguém terminar a sua carreira. A alegria de saber que ela completou sua vida no caminho de Deus. Mas para os que ficam parece sempre haver um duplo pesar. Primeiramente a falta que aquela pessoa fará, o apoio espiritual que ela nos trazia, o conforto de combatermos juntos e o prazer de aprender e crescer com ela. Em segundo, o desespero de olharmos para nossas vidas e não sabermos se conseguiremos completar a nossa carreira. Se ficaremos firmes até o último dia. Nos sentimos despreparados e à própria sorte. Seremos capazes de “batalhar pela fé uma vez dada aos santos” (Jd 3)? Como a manteremos? Justamente por saber que o Apóstolo Pedro era bastante familiar com todos estes sentimentos e questionamentos, escolhi para nossa meditação 2 Pedro 1.1-11.
v.1 – Pedro inicia a sua carta se apresentando
como servo e apóstolo. Ele se identifica com todos os demais fiéis, mas ao
mesmo tempo assegura a autoridade que possui para ensiná-los. Em seguida temos
a descrição das pessoas a quem a carta é endereçada: “aos que conosco
alcançaram [receberam, NVI] a fé igualmente preciosa”. Ele não está falando
somente do conjunto de verdades cristãs reveladas por Deus, mas da própria
capacidade dada por Deus de confiarmos em Cristo para a salvação. O ato de crer. Salvação
é recebida, um presente de Deus. Não é conquistada. Não ganhamos como
recompensa por algo que fizemos. Não é pelas obras. Não é pelo nosso trabalho
que ganhamos este favor de Deus. Não é uma compra, nem uma barganha. A
verdadeira fé salvífica é um presente, um dom de Deus que nós recebemos! Preciosa.
Mais preciosa que o ouro. Salvação é um presente de imenso valor. Não existe
nada no mundo que tenha valor comparável. É a mesma a todos os que acreditam.
Ele não escreve para pessoas com uma unção ou poder super-especial. Embora o
Espírito opere de diversas maneiras e cada um tenha um dom diferente, ele aqui
está falando do que é comum a todos os crentes! Sem dinstintição de classes. Porque a fé produz os mesmos preciosos
efeitos em uma pessoa como em outra. “Pela justiça do nosso Deus e Salvador
Jesus Cristo”, ou seja, Pedro afirma que Jesus é tanto Deus como Salvador e que
a sua “justiça” ou “retidão” confere às pessoas esta possibilidade e capacidade
de crer. Tanto a preciosidade da fé quanto o nosso recebimento estão
fundamentados na perfeição de Cristo. Leia Fp 3.8,9
e veja que a justiça que vem de Deus é somente pela fé em Cristo. “Porque o justo viverá da fé” (Rm
1.17). De fato o apóstolo Paulo escreve os 3 primeiros capítulos da sua
carta aos Romanos somente para explicar esta frase do profeta Habacuque. Para
mostrar a preciosidade da doutrina da justiça de Cristo. Todos pecaram e não
existe um homem sequer que seja justo. Não há ninguém que cumpra toda a retidão
exigida pela santidade de Deus revelada em sua Lei. Mas “àquele que não
conheceu pecado, [Deus] o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos
justiça de Deus” (2 Co 5.21) Por ele ser o único digno de ser chamado justo,
pela fé no seu nome nós encontramos vida e nos tornamos justos diante de Deus!
É a única maneira de não morrermos e sermos condenados com o mundo!
v.2 – Graça era a maneira de se cumprimentar
entre os gregos e não possuía muito significado além de “saudações”! No
entanto, tanto Paulo quanto Pedro empregam em sua cartas como o maravilhoso
favor de Deus imerecido pelo homens, a saber, a Obra Salvadora de Cristo à
humanidade pecadora. Já a Paz era a saudação comum entre os judeus, mas que os
apóstolos usavam para se referir ao novo estado daquele que é salvo. O
bem-estar e a segurança que só Deus pode prover e que ele de fato dá àqueles
que estão completamente em paz com Ele por causa de Cristo. A novidade neste verso
é descrição do meio pelo qual a graça e a paz são multiplicadas na vida do
crente: “pelo conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor.” Não se trata
somente de um conhecimento abstrato, no sentindo de estabelecer um
relacionamento pessoal com Deus. Nós veremos que esse ponto será enfatizado
mais adiante. Mas aqui Pedro está falando de um conhecimento objetivo e pleno.
Para que a graça e a paz de Deus sejam multiplicadas é necessário compreender o
que de Deus se há revelado. Que os crentes dominassem a verdade da Palavra era
a preocupação primordial de Pedro, visto que a igreja estava sendo atacada por
todo tipo de falso ensino (heresias)!
v.3 – Mas
o conhecimento de Deus não somente multiplica Seu favor eterno e a Sua paz;
através dele o divino poder de Deus nos dá “tudo o que diz respeito à vida e
piedade”. Não há nada espiritual que nós precisemos para nossa vida e que já
não esteja disponível exclusivamente pelo poder de Deus. Suficiente. O
conhecimento de Deus e a fé nEle são os canais através dos quais todos os
recursos espirituais e encorajamentos são comunicados a nós! Os falsos mestres
talvez quisessem adicionar recursos e fórmulas para uma vida mais espiritual.
“Faça isso e aquilo para complementar”, ou seja, inventando “preceitos
e doutrinas humanas as quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria,
com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e em disciplina do corpo, mas
não têm valor algum para refrear os impulsos da carne.” (Cl 2. 22, 23) Não!
O apóstolo Paulo escreve aos Efésios dizendo que não desiste de orar por eles
para que conheçam “a sobre-excelente grandeza do poder
[de Deus] sobre nós, os que cremos. Esse poder que Ele exerceu em Cristo
ressucitando-o dos mortos.” (Ef 1.19,20) Ele nos chamou pela sua glória
e virtude/exaltação, o que significa sua ressurreição e ascenção! E assim como
Elias havia deixado cair a sua capa para Eliseu, Pedro afirma que o nosso
Salvador nos tem deixado como herança tudo o que é necessário para a vida! “Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele
habitasse” (Cl 1.19) “E todos nós recebemos também da sua plenitude graça sobre
graça” (Jo 1.16) e “nele estamos completos” (Cl 2.10)!
v. 4 – Através das excelências externas
(glória) e internas (virtude) de Deus, Ele mesmo nos tem feito grandes
promessas. A natureza dessas maravilhosas promessas é adicionada nas palavras
seguintes: participação na natureza divina e escape da corrupção mundana. Não,
ele não está se referindo às promessas de realização pessoal e vitórias
terrenas, mas às promessas de libertação (redenção) e transformação! A base da
nossa participação na natureza divina é o poder de Cristo habitando em nós pelo
Seu Espírito. Trata-se de um triplo significado: comunhão, adoção e conformação
com sua imagem (regeneração). Não somos pequenos deuses, mas nos tornamos
Filhos de Deus. Nos revestimos do “novo homem que
segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.24).
v.5 -
Por isso mesmo (porque o seu divino poder já nos deu tudo e porque as
suas promessas nos fazem participantes da natureza divina) todos nós temos
responsabilidades para com Deus. Porque somos o que somos (v.1-4) devemos fazer
esforços (v.5-7). Enquanto a fé dada por
Deus é a raiz de toda a vida cristã, os frutos descritos a seguir devem ser uma
consequência natural! Acrescentai à vossa fé, virtude [bondade, NVI]. Significa expressar as excelencias de
Cristo através das nossas ações. A bondade é a virtudade em prática. Não
podemos acrescentar virtude a nós mesmos, pois Pedro já deixou claro que é da
virtude de Cristo (v.3) que nós recebemos todo bem espiritual, mas podemos
colocá-la em prática. Acrescentar à bondade o conhecimento. Ou seja, dediquem-se a aprender a verdade revelada de
Deus e a colocá-la em prática.
v.6 – Temperança
é o domínio das próprias emoções. Não somente no sentido de controlar a raiva e
os impulsos violentos, mas toda sentimento que esteja diretamente contrário ao
que o conhecimento de Deus nos ensinou. Pedro estava dizendo que precisamos
permitir que o raciocínio e a verdade evangélica sejam superiores e corrijam o
que o nosso coração diz, ou seja, o que nós sentimos. Nunca o contrário. O
conhecimento de Deus deve dominar os nossos sentimentos. A paciência é melhor
traduzida por perseverança (NVI). Se
você consegue dominar o que sente através do conhecimento de Deus também deve
ser capaz de resistir a qualquer forma de oposição. Dificilmente se sentirá
desencorajado ou tentado a desistir. A palavra grega traduzida por piedade era antigamente usada para
descrever os pagãos que possuem um forte ligação e comunhão com os deuses.
Pedro fala de uma reverência genuína tão grande por Deus que chega a governar a
atitude do cristão em relação a qualquer aspecto de sua vida.
v.7 – O amor fraternal fala de amarmos àqueles
que por razões óbvias deveríamos amar: nossos irmãos na fé. Trata-se de afeição
e calor humano aos que compartilham das mesmas promessas e milagres de Deus
conosco. Já a caridade [amor, NVI] diz respeito a nos sacrificarmos pelo bem
dos outros mesmos que não sejam nossos irmão. Sofrermos o dano. Abrir mão do
nosso eu pelo bem estar alheio independente do custo e de quem seja.
v.8 – Fé, conhecimento e amor; Se abundarem em
nós essas coisas, não ficaremos ociosos e improdutivos. Pedro em nenhum momento
sugere que devemos cultivar uma qualidade de cada vez até que estejam perfeitas
em nós, mas todas devem ser adicionadas e cultivadas ao mesmo tempo! Abundar
significa “em crescente quantidade”, pois Pedro tem em mente um contínuo
crescimento espiritual. O conhecimento de Cristo pode e deve afetar, ou
produzir resultados em, nossa maneira de viver!
v.9 – Se nada disso houver em nós, não passamos
de crentes imaturos. Fechamos voluntariamente os nossos olhos para a verdade
que está exposta e nos tornamos cegos e esquecidos. Não conseguimos ver adiante
e nem o que ficou pra trás. A palavra maturidade no grego possui a mesma raiz
da palavra telescópio, o instrumento que nos auxilia a enxergar a distância.
Aquele que não se firma nesses frutos que Pedro acabou de descrever, não
alcança a grandeza das promessas de Deus. Não compreende e não prossegue para o
alvo ou para o prêmio da soberana vocação [chamado]. Além disso, este crente
constantemente se esquece do que já passou. Ele joga fora todas as experiencias
juntamente com os seus proveitos. Sim, Paulo diz que ele “esquece as coisas que
para trás ficam”. Mas ele se referia a abandonar os erros e os pecados. Enquanto
Pedro aqui chama atenção a uma característica fundamental ao cristão que
cresce: ser capaz de olhar as duas direções (o alvo e o passado) sem se perder
com eles. Nunca esquecer os seus pecados que foram perdoados, porque são eles
que revelam o nosso verdadeiro eu. Não cometa o erro de pensar que você é o que
está sendo hoje. A sua verdadeira natureza só é revelada pelo olhar pra trás e
este nos leva a glorificar o nome de Deus e reconhecer a força do seu poder! Você
agora está no meio do caminho entre o que você já é e ainda será. Uma obra em
andamento.
v.10 – Por tudo isso, devemos estar cada vez
mais firmes na nossa eleição e chamado. Claro que você pode não ter esquecido
que os seus pecados foram apagados por Cristo, mas ainda assim isso pode não
estar evidente na sua vida caso você não seja exortado a crer sempre nisso! Se
tivermos certeza de que os nossos pecados foram perdoados e que “aos que dantes conheceu também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, e aos que predestinou a estes também chamou e
aos que chamou a estes também justificou e aos que justificou a estes também
glorificou” (Rm 8.29,30); então jamais tropeçaremos! Não significa que
nunca pecaremos, mas que nunca cairemos eternamente! Faça o seu chamado e a sua
eleição estarem acima de qualquer dúvida! Porque assim a porta do Reino de
eterno de nosso Senhor Jesus Cristo que é tão estreita, se tornará ampla e nos
será aberta. Nada nos separará do amor dele (Rm 8.39),
porque ninguém pode arrebatar as suas ovelhas de sua mão e nunca havemos de
perecer (Jo 10.28)! Porque tão fiel é o que nos chama que não deixará a sua
obra incompleta (1 Ts 5.24), antes nos conservará firmes, maduros e completos
em si mesmo (Cl 4.12). Nos confirmará até o fim. (1 Co 1.8)
Agradeço a Deus por este blog. De vital importância
ResponderExcluirpara aqueles que desejam ter um conteúdo mais abrangente no que se refere a palavra de Deus.